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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2006 Sharon Kendrick

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Sedução e vingança, n.º 2232 - fevereiro 2017

Título original: Bedded for Revenge

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2007

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-9569-0

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Epílogo

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Capítulo 1

 

Os olhos de Cesare di Arcangelo contemplaram a mulher que avançava para o altar e sentiu vontade de beijar, esmagar e morder a sua boca firme.

Desiludiu-o sentir algo por ela, teria desejado permanecer indiferente, coisa de que o acusavam a maioria das mulheres que conhecia. Mas enquanto ela continuava a avançar numa nuvem de seda e cetim, as suas esperanças viram-se frustradas. Uma fúria repentina correu-lhe pelas veias como se se tratasse de veneno… e algo mais, algo que todos aqueles anos não tinham conseguido apagar, o que fazia com que a raça humana fosse preservada.

Luxúria.

E talvez fosse melhor assim, porque se a luxúria era um problema, tratava-se de um problema de solução fácil.

Os acordes do órgão ganharam força e o cheiro das flores era intoxicante, mas do banco que ocupava ao fundo da igreja, Cesare só conseguia ver Sorcha a sorrir, com o seu ramo de flores nas mãos, diante da cintura, tão sensual e esguia como aos dezoito anos.

Que dama de honor tão bonita!

Sentiu uma erecção sob as calças elegantes do fato e apertou os punhos, fazendo um esforço para fazer desaparecer aquela pulsação de desejo.

Deslizara para aquele banco do fundo à última hora, para evitar a atenção que a sua presença costumava despertar onde quer que fosse.

Os italianos milionários e bonitos eram muito cobiçados. Devido a isso, a flor e nata das solteiras das principais cidades do mundo perseguiam-no com o mesmo ardor que os astrónomos sentiam por um planeta recém-descoberto.

Os seus olhos procuraram a mãe de Sorcha entre os presentes. Sim, estava ali, com um chapéu que competia em tamanho com o Palácio da Ópera de Sidney. Devia estar muito contente, já que um genro rico era uma esperança para os problemas financeiros pelos quais a empresa da família passava. Estaria o marido de Emma disposto a injectar dinheiro na empresa para a tirar dos apuros económicos?

Cesare duvidava. O dinheiro não era suficiente para resolver os problemas daquela empresa. Na realidade, o dinheiro não resolvia os problemas em geral.

Os noivos avançaram para o altar, mas ele mal olhou para eles. Também não prestou atenção ao grupo de meninas que eram as damas de honor, à excepção de uma delas, a única adulta, que concentrava toda a sua atenção. Aquela mulher era o seu problema, um problema com o qual tinha de ir para a cama. A bonita Sorcha Whittaker, de olhos verdes e cabelo acobreado a cair como uma cascata, e um corpo flexível como o de uma enguia.

Queria ver a reacção dela quando o visse pela primeira vez desde… Quanto fazia já? Sete anos? Um minuto? Uma eternidade?

Cesare viu-a dar um passo hesitante, quase parar. O tempo congelou quando os seus olhos se cravaram nos dela e viu confusão, e consternação nos seus olhos verdes profundos ao devolver-lhe o olhar.

Viu aquele rosto empalidecer e os lábios tremer, e sentiu um triunfo momentâneo, seguido da frustração que lhe produziu não poder possui-la ali, naquele momento.

Para depois abandoná-la.

Por enquanto, não podia fazer nada, mas assim que ela tivesse cumprido as suas obrigações de dama de honor…

– Da parte da noiva ou do noivo? – perguntou-lhe a linda morena que estava de pé ao seu lado.

Cesare engoliu em seco e afastou os seus pensamentos eróticos. Virou-se para a morena que olhava para ele com adoração.

– Do noivo – respondeu ele. – E você?

– Hum! O mesmo. Disse-me que viriam ao casamento alguns homens impressionantes… e não mentiu! – a morena pestanejou repetida e sedutoramente. – Haveria a possibilidade de ir consigo para o copo-d’água?

Cesare sorriu duramente.

– Porque não?

 

 

Já na rua, diante da igreja, Sorcha pousava com a sua família diante das máquinas dos fotógrafos. Mas o seu sorriso era falso.

Virou o olhar para a pequena igreja e viu sair dela um homem alto, de ombros largos, que baixava a cabeça para não bater contra a ombreira da porta minúscula. E sentiu como se lhe tivessem aberto o peito.

Cesare!

Ali!

– Sorcha! Vá, olha para a máquina fotográfica!

Com um esforço, afastou os olhos dele e o barulho de um flash cegou-a momentaneamente. Quando recuperou a visão, ele já não estava. Mas viu o seu irmão Rupert a conversar com algumas pessoas e apressou-se para ele.

Com a boca seca e o coração a querer sair-lhe do peito, perguntou ao seu irmão:

– Que imbecil se lembrou de convidar Cesare di Arcangelo para o casamento?

– Ah, veio, eh? – Rupert olhou à sua volta com uma expressão estranha nos olhos. – Ainda bem.

– Ainda bem?

Pressupunha-se que o dia do casamento da sua irmã tinha de ser um dia alegre, feliz. E fora… até ao momento em que vira o rosto bonito e perigoso de Cesare.

Deparar-se com o olhar negro de Cesare transportara-a para outro período no tempo e no espaço, e fizera-a recordar que nenhum outro homem poderia comparar-se a ele. Olhar para ele bastou-lhe para saber exactamente porquê.

Respirou fundo para se acalmar.

– Rupert, sabias que ele vinha?

– Bom, mais ou menos – respondeu o seu irmão evasivamente.

– Mais ou menos? E presumo que Emma também sabia, afinal, é a namorada, não é?

– Sim. A família de Ralph dá-se muito com Arcangelo, por causa de negócios. Já sabias disso, Sorcha.

Sim, sabia, mas era uma daquelas coisas que, mesmo sabendo-se, se preferem ignorar.

– E ninguém se lembrou de me dizer que estava convidado… sabendo o que se passou entre nós os dois?

Rupert adoptou uma expressão de aborrecimento.

– Saíste com ele há alguns anos, e então? Além disso, ele pediu-me para não dizer a ninguém. Queria fazer uma surpresa.

Sorcha sentiu vontade de gritar: «E como te pediu, não disseste! Eu sou a tua irmã e devia importar-te muito mais do que Cesare di Arcangelo, por mais rico e influente que ele seja».

– Sim, certamente foi uma surpresa – disse ela num tom ligeiro.

Se dissesse mais alguma coisa, Rupert pensaria que aquele homem era importante para ela. Mas já não era, não. Cesare fazia parte do seu passado, mais nada.

Mas… Porque fora ao casamento? Por um sentimento de lealdade para com Rupert? Eram assim tão amigos? Ou simplesmente fora ao casamento do filho de um homem com o qual fazia negócios?

Sorcha continuou a representar o seu papel de dama de honor e a sorrir para as máquinas fotográficas, até ao momento em que os fotógrafos quiseram concentrar-se apenas nos noivos.

Então, de repente, com a sensação estranha de possuir um sexto sentido, Sorcha sentiu que alguém estava a perfurar-lhe as costas com o olhar. E não pôde evitar virar-se para ver quem era a pessoa que olhava assim para ela.

Era a personificação da palavra «irresistível», pensou Sorcha sem conseguir fugir ao poder que os olhos pretos dele exerciam.

«Não te aproximes de mim», rogou ela em silêncio. Mas a sua prece não foi ouvida. Com os raios de sol reflectidos nos seus cabelos pretos azeviche, Cesare avançou para ela sob o olhar furioso de uma mulher morena, coberta com um vestido amarelo de seda.

– Cesare – disse Sorcha num sussurro quando Cesare chegou ao pé dela.

Num fato cinzento de corte formal apropriado para a ocasião, Cesare parecia mais um sex symbol internacional que o homem de negócios milionário que era, o homem que elevara a fortuna da família di Arcangelo a outra esfera.

Todo ele era perfeito, incluindo a expressão de ligeira inquietação do seu rosto e os olhos pretos, inquisitivos e frios, que faziam adivinhar um intelecto profundo por debaixo daquele exterior carismático. No passado, ela pensara que era impossível um homem ser tão imponente como Cesare, mas ele desafiara o improvável e sete anos só tinham conseguido aumentar o seu encanto.

Sem saber como, Sorcha conseguiu manter a compostura.

– Meu Deus, isto sim é uma surpresa! – exclamou ela friamente.

– Não gostas de surpresas? – murmurou ele.

– O que achas?

Cesare sorriu ao sentir a tensão dela.

– Ah, Sorcha! – sussurrou Cesare, olhando para ela de alto a baixo com insolência. – Bene, bene, bene… Tornaste-te uma mulher, cara.

Sorcha quis dizer-lhe para não a olhar daquele modo, mas não o fez porque não era uma hipócrita. Apesar de desprezar ver-se submetida a um exame obviamente sexual, uma parte do seu corpo estava a responder positivamente.

No entanto, tinha de saber a verdade. Tinha de se proteger.

– O que raios estás a fazer aqui? – inquiriu ela.

Os sobrolhos pretos de Cesare arquearam-se.

– Isso não é maneira de falar com um convidado, cara – respondeu Cesare com voz suave. Porque ainda não ia dizê-lo. Non ora. Iria saborear o momento antes de lançar a bomba. – Sabias que estava convidado?

– Sabes perfeitamente que não. Já que, segundo o meu irmão, pediste para não dizer nada a esse respeito.

Sorcha olhou para ele com uma expressão interrogante, recordando a si mesma que aquele era o seu território e que o invasor era ele.

– Diz-me, Cesare, para quê tanto segredo? Queres ser espião quando fores grande?

Ele lançou uma gargalhada. Pensou na forma como os anos tinham conferido um espírito mais lutador a Sorcha.

– Porquê? Achas que seria um bom espião?

– Não, não conseguirias passar despercebido – todavia, apercebeu-se de que as suas palavras poderiam ser encaradas como um elogio, e isso era a última coisa que ela queria. – Porque não me avisaste?

– Talvez porque sabia que te oporias a que viesse – respondeu ele.

– Pois.

– Ou, talvez, porque queria ver a tua reacção ao veres-me depois de tanto tempo. Lembras-te da última vez que nos vimos, meu amor?

Apesar do sarcasmo, a palavra «amor» apertou-lhe o coração. Mas recordou a si mesma que, neste caso, era uma palavra vazia, irreal, tal como a sua relação com ele. Tão irreal como o seu noivado, como o final feliz que não acontecera. Como podia doer-lhe tanto algo que não existira?

Sorcha lançou-lhe um olhar vazio.

– Acho que não.

– Mentirosa! – exclamou Cesare com voz rouca e os olhos fixos nos seios dela, cujos mamilos se perfilavam sob o tecido justo do vestido. – Lembras-te do que sentias nos meus braços e com a minha língua dentro da tua boca? Lamentas não ter feito amor comigo?

Sorcha sentiu-se como se a tivessem esbofeteado. Estava a permitir que Cesare lhe fizesse mal. As pessoas tinham começado a olhar para eles, como se a tensão entre ambos os distinguisse dos outros. Os convidados, membros da alta sociedade, começaram a murmurar.

Sorcha olhou à sua volta e deparou-se com olhos curiosos.

Os olhos pretos de Cesare imitaram os seus.

– Achas que estão a pensar que fazemos um belo casal? – murmurou ele. – Achas que estão a imaginar o contraste entre a tua pele branca e a minha morena? Também estás a imaginar, querida, tal como eu? Achas que os desiludiria saber a verdade a respeito da nossa relação amorosa?

O pulso dela acelerou ainda mais, se possível.

– Cesare… Cala-te, por favor. Porque estás a fazer isto?

Melhor, muito melhor. Sorcha entreabrira os lábios e rogara-lhe, os seus olhos tinham escurecido. Com um prazer cruel, Cesare continuou a brincar com ela, como o gato com o rato.

– Que maneira de dares as boas-vindas ao homem que, há tempos atrás, juraste adorar!

– Era jovem e tola – respondeu ela com voz rouca.

– E agora?

– Agora sou suficientemente adulta para me aperceber da sorte que tive de fugir a tempo.

– Meu Deus, finalmente estamos de acordo em alguma coisa!

Sorcha hesitou. Talvez o tivesse interpretado mal, talvez Cesare quisesse fazer as pazes. Talvez…

Olhou por cima do ombro de Cesare e viu a morena que ainda tinha os olhos cravados nas costas dele.

– É a tua namorada?

Cesare reparou na acidez do tom de voz de Sorcha, apesar dos esforços dela para disfarçar.

– Sindy? – Cesare sorriu. – Ciumenta, Sorcha?

– Não, absolutamente – mas era mentira e Sorcha perguntou-se se Cesare se apercebera.

Surpreendeu-se ao querer comportar-se como uma víbora, ao querer dizer que aquela mulher tinha uma pele horrível, que a cor do vestido não lhe ficava bem e que não era apropriada para ser sua namorada. Mas sabia que era errado, que não podia fazê-lo.

– Falaste com a minha mãe?

– Ainda não. Depois cumprimento-a no copo-d’água.

Sorcha ficou gelada.

– Vais ao copo-d’água? – perguntou num sussurro.

Cesare sorriu. Aquilo era melhor do que previra.

– Achas que vim de Roma para ouvir os noivos fazerem uma promessa que, quase de certeza, quebrarão antes de fazerem um ano de casados? – perguntou ele com cinismo. – Não sou grande amigo do casamento, mas não posso negar que oferecem a oportunidade de nos deleitarmos com alguns dos aspectos mais agradáveis da vida. E estou desejoso de voltar a entrar na tua casa.

Os olhos pretos de Cesare lançaram um brilho que a fez recordar um terreno proibido, mais sentimental que erótico, e, por isso, muito mais perigoso.

– Gostarias que dançássemos juntos depois, Sorcha? – perguntou ele. – Até podíamos tomar um banho, como nos velhos tempos.

Mas os velhos tempos tinham passado.

– Eu dizia-te para ires para o inferno – disse Sorcha, pronunciando as palavras devagar, – mas sei que ocupas um lugar permanente lá.

– Queres vir fazer-me companhia?

A gargalhada suave e brincalhona de Cesare ecoou nos seus ouvidos enquanto se afastava dele em direcção a uma limusina escura que iria levar os noivos e a sua comitiva para a recepção.

Quando Sorcha entrou no veículo e se sentou, uma das pequenas damas de honor subiu para o seu colo.

– Porque estás a chorar, Sorcha? – perguntou a menina.

Sorcha recuperou a compostura.

– Não estou a chorar, entrou-me qualquer coisa para o olho – secou as lágrimas com um lenço e depois sorriu. – Vês? Já está.

– Sim, já está – repetiu a menina.

Sorcha mordeu os lábios. Era tão fácil ser criança!