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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 1999 Sandra Marton

© 2019 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Leilão sedutor, n.º 517 - maio 2019

Título original: More Than a Mistress

Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-1328-087-5

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Créditos

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

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Capítulo 1

 

 

 

 

 

Com um ar desafiador, Travis Baron permaneceu de pé nos bastidores do palco improvisado do Hotel Paradise, enquanto esperava pela sua vez de ser arrematado pela oferta mais alta.

Passou com os dedos pelo cabelo e, em seguida, alisou com a mão a lapela do fato. Era-lhe impossível ver a multidão que estava no elegante salão, mas ouvia perfeitamente as vaias, os gritos e os assobios das mulheres, que, segundo Pete Haskell, eram a nata da sociedade de Los Angeles. Talvez isso fosse verdade, porém, segundo o que ouvia, Travis achava-as vulgares e obscenas.

Pelo altifalante, o leiloeiro exaltava os dotes dos candidatos.

– Vejam o que vos ofereço! Vamos, senhoras, não sejam tímidas. Não hesitem. Arrematem o homem dos vossos sonhos para passar convosco este fim-de-semana.

Tímidas? Travis esboçou um sorriso de desdém. Tendo em conta o que ouvira naqueles sessenta minutos, as mulheres que estavam no salão eram tão tímidas como uma manada de búfalos e não escondiam as suas carências. Elas davam vivas, riam, vaiavam, gritavam e, quando o leiloeiro batia com o martelo, aplaudiam, assobiavam e faziam tanto barulho que os guardas tinham de intervir para acabar com o tumulto. Contudo, assim que a outra infeliz vítima era empurrada para o palco, o espectáculo recomeçava.

Mas nem todos os homens tinham de ser empurrados. Alguns subiam ao palco espontaneamente, sorriam e atiravam beijos para a multidão.

– Então, rapaz, isto é um leilão de beneficência – disse um dos homens, ao ver a expressão carrancuda de Travis.

De certeza que o homem que estava a dizer aquilo se tinha apresentado voluntariamente para aquela tolice, pensou Travis. Mas ele não e, para piorar as coisas, o seu nome nunca era sorteado e ele ficava para o fim do leilão.

Como, reflectiu ele, como é que se tinha envolvido naquela confusão?

– Vendido! – gritou o leiloeiro, num tom triunfante.

– Mais um – murmurou uma voz atrás de Travis. – Eu, se estivesse no dentista, estava mais contente.

Travis virou-se e viu um rapaz loiro, magro, com a maçã-de-adão saliente, a ajustar a gravata.

– Também eu – concordou Travis.

Peggy Jeffers, que antes do leilão se tinha apresentado aos candidatos como a «Senhora dos Escravos», beliscou a bochecha macilenta do rapaz loiro e disse:

– Vamos, cavalheiros! Descontraiam-se e subam para o palco. Vai ser divertido.

– Divertido?! – repetiu o rapaz loiro.

– Sim – afirmou Peggy.

Encostando a mão nas costas magras do rapaz, Peggy empurrou-o delicadamente para o palco.

As gargalhadas estrondosas da plateia fizeram com que o sangue de Travis lhe subisse à cabeça.

Peggy sorriu.

– Estás a ouvir?

– Estou. Parecem hienas a seguir um rasto de sangue – disse Travis.

Peggy riu-se.

– Exactamente – ela deu um passo para trás e pôs-se a olhar para Travis desde o alto dos cabelos castanhos, com mechas douradas por causa do sol, às botas pretas e brilhantes. – Hum, és muito bonito. Quando te virem, vão ficar malucas.

Travis tentou sorrir.

– Não me digas que estás nervoso.

– Nervoso? Porquê? Porque vou ser leiloado diante de um milhão de mulheres enlouquecidas? – indagou Travis, num tom irónico.

Peggy sorriu.

– É por uma boa causa. Vais ser arrematado num instante.

Sim, era isso que Travis, durante toda a noite, tinha estado a dizer a si próprio. Iam escolhê-lo num instante. Afinal, ele era um advogado, com trinta e dois anos, normal, sensato, saudável e solteiro, mas que, no entanto, gostava de escolher as suas próprias mulheres.

Era sempre ele quem as escolhia e se tivesse problemas com elas, fazia com que compreendessem que as coisas boas da vida também acabam. As relações entre os casais não tinham, obrigatoriamente, de durar para sempre. Um mau casamento e um divórcio pior ainda, tinham-lhe ensinado o que ele não tinha aprendido na juventude. Porém, aqueles dois incidentes da sua vida já estavam quase ultrapassados.

O facto de ser a mulher a tomar a iniciativa não lhe desagradava. Gostava que as mulheres fossem um pouco agressivas, tanto na cama como fora dela, pois considerava essa postura muito sensual. Contudo, existia uma enorme diferença entre uma mulher que, numa festa, se interessava por um homem e o seduzia, e uma mulher que arrematava um homem num leilão, como se ele fosse um pedaço de carne.

Ele tinha sido enganado. Tudo tinha acontecido numa reunião de sócios da empresa Sullivan, Cohen & Vitalli, há alguns meses atrás. Ah, se ele soubesse o que Pete Haskell lhe estava a preparar!

– Então, Baron, estive a falar de ti com uns amigos da empresa Hannan & Murphy – disse-lhe Pete, num tom casual.

– E depois? Eles ofereceram-te mais vantagens do que as que tens aqui? – indagou Travis, com um sorriso.

– Estivemos a conversar sobre o leilão anual beneficente de homens solteiros.

– Ainda fazem esses leilões?

– Claro. Os organizadores acham que encontraram um candidato que vai ser arrematado pela oferta mais alta de todos os tempos.

– Nem pensar – discordou John, um dos sócios.

– Ora, John, há muita gente que até já fez apostas. Têm a certeza que ele vai ser arrematado pela maior oferta de sempre.

– Que disparate! Essa gente fala muito. Eu tenho as minhas dúvidas. Nenhum homem dispõe de tanto tempo para o amor ou possui tanta resistência. Bom, com excepção, aqui, do velho Travis.

Pete assentiu com a cabeça e dirigiu um olhar atento a Travis.

– Concordo contigo. O nosso amigo Travis nunca diz o que faz, não comenta com quem tem saído, nem nos conta quantas vezes é que se encontra com a namorada.

– Eu sou um homem sério. Acho deselegante falar acerca das minhas namoradas – explicou Travis, com um sorriso. – O meu silêncio deixa-te muito curioso, não deixa?

Ignorando o comentário irónico, Pete prosseguiu:

– Todos nós sabemos que és um garanhão. Durante o almoço, o tema de conversa das secretárias é a tua última conquista. Nós vimos a tua última namorada a sair de um táxi, quando estávamos a sair do trabalho. Também costumamos ver os ramos de rosas que saem da florista sempre que decides acabar com um namoro.

– Isso não é verdade – negou Travis. – Toda a gente manda rosas, mas eu não.

– Então, o que é que mandas? – perguntou-lhe o velho Sullivan.

Os sócios olharam para o colega mais velho, que, até àquele momento, se tinha mantido calado.

– Escolho as flores que me parecem mais apropriadas à mulher em questão e mando um bilhete…

– Com agradecimentos falsos, é claro – completou Sullivan, fazendo com que os outros se rissem.

– Voltando à conversa que tive com os amigos da Hannan & Murphy – continuou Pete –, eu disse-lhes que o candidato deles podia alcançar a oferta mais alta, se o nosso candidato não participasse no leilão.

– Ele não aceitou, nem vai aceitar participar nessa tolice – replicou Travis.

– Nós sabemos, não é verdade, rapazes?

Todos os que estavam na sala, inclusive as duas colegas, acenaram com a cabeça veementemente, e Pete acrescentou:

– Pois é, mas eles desafiaram-nos. Disseram que podíamos inscrever o Travis no leilão que, mesmo assim, duvidavam que o nosso caro colega conseguisse vencer. Então, fizeram uma aposta: a empresa que perdesse teria de levar a que ganhasse a Pebble Beach, no próximo fim-de-semana, para jogar golfe.

– Óptimo! – disse alguém.

– Esperem um momento. Não contem… – começou Travis a dizer, porém, o velho Sullivan interrompeu-o.

– Claro. O Travis é o único sócio da nossa empresa capaz de erguer bem alto a nossa bandeira. Todos nós, os sócios da Sullivan, Cohen & Vitalli, ficaremos orgulhosos com a tua vitória.

Aquilo era uma armadilha, uma conspiração, pensou Travis, com um ar carrancudo. No entanto, se não aceitasse, teria de se zangar com os sócios e com os colegas e ia ouvi-los durante muito tempo.

Mais tarde, Travis telefonou a Slade, o seu irmão mais novo, que morava em Boston.

– Eu não tive alternativa – disse ele. – Seja como for, é por uma boa causa. Todo o dinheiro que for arrecadado irá reverter a favor dos hospitais pediátricos.

– Está bem – concordou Slade, antes de acrescentar: – Ou seja, é como se um touro fosse arrematado por um rebanho de vacas.

– É um leilão verdadeiro – argumentou Travis, num tom ríspido, enquanto desligava o telefone com violência.

Logo a seguir, telefonou outra vez para o irmão e, sem lhe dar tempo para replicar, disse-lhe que já sabia que não podia contar com a compreensão da própria família.

– É verdade, mano – replicou Slade, dando uma gargalhada.

Travis também acabou por se rir, apesar de se sentir inconformado com a horrível situação em que se encontrava.

Agora, ali estava ele, como se fosse um cordeiro pronto para a imolação, prestes a subir ao palco, diante de uma multidão de mulheres enlouquecidas. E, se fosse arrematado por menos do que cinco mil dólares, ou seja, por menos do que o que o candidato da Hannan & Murphy já tinha conseguido, não lhe perdoariam. Ainda por cima, todos os sócios e todos os colegas estavam na plateia. Os escriturários e as secretárias aguardavam pelo resultado do leilão, uma vez que tinham feito pequenas apostas.

Várias perguntas passavam pela mente de Travis. Quanto é que ele ia alcançar? Será que ia ter uma oferta maior do que a que tinha tido o candidato da Hannan & Murphy? Em que posição é que ia ficar? Será que ia ser comprado por uma mulher bonita? Numa escala de um a dez, que nota mereceria a mulher que o ia arrematar? Dez? Cinco? Ou, Travis estremeceu ao imaginar que a vencedora poderia estar no fim da escala, poderia ficar-se pelo dois ou pelo um.

Ser-lhe-ia insuportável se não alcançasse o preço justo ou se fosse arrematado por uma mulher indesejável, continuou ele a reflectir. Porque é que ele não tinha combinado tudo com uma das suas ex-namoradas? A Sally, por exemplo. Não, com a Sally não, porque tinha acabado de lhe enviar um ramo de violetas e um perfume da Channel. A Bethany teria sido uma óptima escolha. Dir-lhe-ia para o arrematar por mais mil dólares do que a quantia que tinha sido oferecida pelo candidato da Hannan & Murphy. Depois, reembolsá-la-ia, com juros.

No entanto, havia um senão: se aquilo era uma aposta, que graça é que tinha fazer batota para ganhar? A solução era deixar tudo nas mãos do destino. E ele sabia, melhor do que ninguém, que o destino nem sempre era benévolo.

– É a tua vez, rapaz.

A voz de Peggy fez com que Travis se empertigasse.

– Óptimo – disse ele, com um ar nervoso. – É melhor acabarmos com isto de uma vez por todas.

– Queres que eu espreite para o salão? Posso ver quem é que ainda não comprou nada e que pareça estar disposta a pagar um bom preço por ti – prontificou-se Peggy.

– Não é preciso – replicou Travis, com dignidade, provocando um sorriso no rosto de Peggy.

– Afasta-te um pouco. Deixa-me ver – Peggy aproximou-se da parede divisória e espreitou por uma fresta. – Aha!

– Aha, o quê? – indagou Travis, com um indisfarçável interesse.

– Há algumas… como é que vocês as chamam hoje em dia? Bonecas?

– Mulheres atraentes.

– Certo, bonitão. Há algumas mulheres atraentes e outras mais ou menos.

– Óptimo.

– E… – Peggy endireitou-se. – Oh-oh.

Travis ficou gelado.

– Oh-oh, o quê?

– Há uma rapariga no centro do salão que parece ter muita personalidade e a mulher que está atrás dela, com plumas e com uma tiara, vai deixar-te de boca aberta.

– Oh, é assim tão mau?

– Bom, acabou de entrar uma loira com olhos azuis. Já não gosto dela. É uma Princesa de Gelo. Tem o cabelo comprido, um belo rosto e, pelo que posso ver, um corpo lindo. Lembra-te do que te estou a dizer, rapaz. Uma mulher com aquela aparência tem a inteligência de uma batata. É verdade. Com tanta beleza, deve ter um espaço vazio entre as orelhas e o carácter de uma doninha.

– Uma doninha? – Travis sorriu. – Quem disse que as mulheres são o sexo fraco, não sabia o que estava a dizer.

– É verdade – Peggy aproximou-se de Travis e alisou-lhe a lapela do fato. – Portanto, rapaz, faz um favor a ti mesmo. Vai para o palco e representa para a multidão.

Travis segurou na mão de Peggy, levou-a aos lábios e depois agradeceu-lhe:

– Obrigada, senhora dos escravos. É uma pena que não esteja no salão a fazer ofertas. Seria uma honra para mim passar um fim-de-semana consigo.

Peggy corou e puxou a mão que Travis ainda segurava. Nesse instante, ouviu-se o martelo a bater e o barulho da multidão.

– Há muitas mulheres melhores do que eu. Vai. Enfrenta-as e deixa-as malucas.

Era o que Travis pretendia fazer. Apareceu no palco, como se fosse um vencedor, com os braços erguidos acima da cabeça, com as mãos entrelaçadas, a imitar Sylvester Stalone, em «Rocky», e a olhar para a plateia com um sorriso luminoso.

A multidão adorou aquela atitude e demonstrou a sua aprovação com aplausos ensurdecedores.

Travis continuou a sorrir. Aquilo não era real; ele estava a representar por uma boa causa e, afinal, era divertido. Não era importante que só conseguisse quinhentos dólares ou que não fosse arrematado por uma bela mulher. Que importância é que tinha que os sócios e os colegas se rissem à sua custa? Ou qual era o problema de perderem dinheiro? Já que estava ali, diante daquele público, o melhor que fazia era entrar no espírito da brincadeira para conseguir a maior quantia possível para as crianças…

De repente, viu a mulher de forte personalidade sentada numa mesa, perto do palco. Peggy tinha-a descrito com exactidão. Bem, o seu sorriso era bonito, por isso talvez fosse uma boa pessoa.

O leiloeiro fez uma breve introdução a Travis Baron. Ele andou pelo palco e, ao ouvir os assobios e os aplausos, dirigiu um largo sorriso para a mulher que estava à sua frente.

– Será que ouvi quinhentos dólares para começar? – indagou o leiloeiro.

A mulher com o lindo sorriso e de personalidade fez a sua oferta.

– Que tal mil dólares?

Ouviram-se aplausos e Travis correu os olhos pela plateia. Parecia que o seu coração ia saltar do peito. A Princesa de Gelo, loira, com os olhos azuis, com um belo rosto e com um corpo lindo, estava de pé, atrás da última fila de mesas. Era a mulher mais encantadora que ele alguma vez tinha visto.

Os cabelos sedosos, da cor do trigo maduro, caíam em cascata até aos ombros. Os incríveis olhos tinham a cor das flores azuis do Texas e sobressaíam no rosto oval e perfeito. O seu nariz era afilado, aristocrático, e os lábios cheios tinham contornos sensuais. Era uma boca feita para ser beijada.

O olhar de Travis foi descendo pelos ombros bronzeados, que o vestido vermelho deixava à mostra. Depois, olhou para a generosa curva dos seios, para a cintura fina e para as ancas arredondadas. A saia ia até meio das coxas e revelava pernas longas e bem torneadas.

Ele queria aquela mulher, desejava-a com uma força primitiva. Precisava de beijar aquela boca, de acariciar aquele corpo.

Os olhos de ambos encontraram-se; os dele, com um apelo francamente sexual; os dela, frios e altivos.

Travis sentiu o corpo a enrijecer. O barulho das mulheres e o som da voz do leiloeiro pareciam-lhe distantes. Ele imaginou-se a descer do palco e a ir ter com aquela mulher loira. Então, tomá-la-ia nos braços, sem palavras, sem preâmbulos e levá-la-ia dali para um lugar onde pudessem ficar a sós. Viu-se, depois de ter arrancado daquele corpo escultural o vestido de seda vermelho-escuro, a penetrá-la profundamente, enquanto ela curvava as pernas ao redor dele…

Ali estava ele, diante de centenas de pessoas, a pensar em coisas tão perturbadoras. «Pára com isso», ordenou-se Travis, com determinação. Então, ouviu o leiloeiro a anunciar:

– Tenho cinco mil. Alguém disse seis?

– Seis mil – gritou a mulher de personalidade.

Surpreendido, Travis encarou a mulher e dirigiu-lhe um sorriso sensual. Virou-se para a plateia, olhou por cima dos ombros e fez alguns movimentos, indicando que ia tirar o fato, o que provocou uma onda de assobios e de gritos.

– Seis mil e quinhentos – ofereceu uma morena.

Virando-se, Travis atirou-lhe um beijo.

– Sete mil – gritou uma ruiva.

– Então! Eu mereço muito mais do que isso! – protestou Travis.

A plateia bateu com os pés no chão, demonstrando concordância. A morena riu-se, a ruiva ficou de pé e fez a sua oferta:

– Sete mil e quinhentos.

Seguiram-se aplausos ruidosos. Diante daquilo, Travis sentia-se feliz, pois o candidato da Hannan & Murphy tinha sido arrematado por cinco mil. Mesmo assim, ele gritou:

– Também valho mais do que isso!

O público adorou.

– Oito mil – disse a mulher de personalidade.

– Oito mil e quinhentos – gritou a morena.

– Nove mil!

A noite que Travis tanto tinha temido estava a ser tão divertida que ele sorriu descontraidamente. Iria olhar para a loira só mais uma vez, antes do leiloeiro bater com o martelo. Não se importava de não ficar com ela.

No calor do leilão, ela tinha-se aproximado e estava quase no palco. Meu Deus, a loira não era linda, era espectacular e olhava para ele com uma expressão que era difícil de interpretar. Parecia interessada, observadora.

Ao ver a loira a voltar as costas e a afastar-se, Travis cerrou os punhos. Quem é que ela pensava que era para o examinar e depois ir-se embora?

«Vira-te para cá! Volta!», pensou ele, furioso.

Mas ela apressou o passo.

– Nove mil! – repetiu o leiloeiro. – Nove mil… um. Nove mil… dois…

– Dez mil – gritou a morena.

A loira parou.

«Isso, querida, vira-te. Olha para mim», disse Travis a si mesmo.

E foi o que a loira fez. O seu olhar e o de Travis encontraram-se. Fitaram-se intensamente, ignorando as outras pessoas. Naquele momento, era como se só eles existissem no mundo.

– Dez mil dólares. É a oferta da senhora da mesa três – anunciou o leiloeiro. – Lá vai um. Lá vão…

– Vinte mil dólares.

Ouviu-se no recinto um murmúrio geral de espanto. Todos os olhares se voltaram para a mulher loira. Até o leiloeiro se inclinou para a frente.

– Poderia repetir a oferta, minha senhora?

A linda loira respirou fundo, antes de responder calmamente e num tom divertido:

– A minha oferta foi de vinte mil dólares.

– Vendido! – o leiloeiro bateu com o martelo, com um ar triunfante. – Vendido à senhora de vermelho.

E a multidão, reunida no salão do Hotel Paradise, parecia ter enlouquecido.