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Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2003 Sara Wood

© 2014 Harlequin Ibérica, S.A.

Na cama com um milionário, n.º 763 - Novembro 2014

Título original: In the Billionaire’s Bed

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2004

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-5920-3

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

www.mtcolor.es

Sumário

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Volta

Capítulo 1

 

– Olá – Catherine tentou parecer animada, mas não conseguiu. A expressão dos seus amigos, enquanto levava o seu barco para perto da enorme lancha holandesa de Tom, indicou-lhe que os rumores que tinha ouvido na cidade de Saxonbury eram, provavelmente, verdadeiros.

Tom, Steve, Nick e Dudley levantaram-se e olharam para ela com uma certa pena, o que não a reconfortou. Era verdade que a ilha de Tresanton tinha sido vendida e o futuro de Catherine estava nas mãos do novo proprietário.

Voltou-se e olhou com saudade para a ilha que se aproximava rio acima. Ela não tinha realmente o direito de estar ali, apesar de se ter encarregado da ilha nos últimos três anos. Enquanto a encantadora Edith Tresanton viveu não teve qualquer problema, mas, depois da sua morte, a sua situação passou a ser incerta.

Os miúdos, como ela lhes chamava, ajudaram-na a ancorar e a subir para a lancha de Tom. O seu cabelo negro e comprido soltou-se e ela voltou a apanhá-lo. As suas feições apresentavam uma palidez pouco habitual nela.

– Temos estado a falar de ti – disse Tom. – Queres uma chávena de chá?

Ela recusou com a cabeça e agarrou-se à borda da cobertura. Steve aproximou-se dela, deu-lhe um beijo e perguntou-lhe sem rodeios:

– Sabes que a ilha tem um novo dono?

Ela empalideceu.

– Suspeitava. Isso quer dizer que vou ter problemas – secou as mãos húmidas com a camisa. – O que é que vocês sabem? Já se mudaram? Não vi nenhum carro estacionado quando passei de barco.

– O camião de mudanças já esteve lá e já se foi embora. Os comerciantes dizem que é uma mulher de negócios de Londres, que gosta de dar ordens, que vai ficar com a ilha – contou Tom. Catherine sentiu-se ainda mais decepcionada. – Vinha num carro desportivo amarelo e é parecida com o carro. Uma mulher urbana, muito maquilhada, com saltos altos e o cabelo cheio de laca.

– Não é exactamente o que eu estava à espera – replicou ela.

Catherine desejava que o comprador da ilha fosse alguém que amasse a natureza. Caso contrário, quem poderia desejar possuir um local tão isolado, tão rural? Um amante da natureza gostaria de estar rodeado de barcos pequenos, não lhe pareceria desagradável. No entanto, a nova proprietária da ilha não parecia o tipo de pessoa capaz de entender algo assim.

– Pois, não é um dos nossos, nem tão pouco dos de Edith – murmurou Tom. – Acha-se alguém muito importante, dá ordens sempre que pode e comprou os produtos mais caros e sofisticados nas lojas da zona. Olha para as pessoas do campo com desprezo. É tudo o que sabemos sobre ela.

Catherine sorriu e suspirou, resignada. Tudo indicava que ia haver mudanças na ilha e na casa de Edith. Provavelmente, aquela casa de campo, cheia de encanto, iria ser transformada em algo moderno de cimento e a ilha também não tardaria a mudar.

E o que iria passar-se com ela? O seu olhar deteve-se no telhado vermelho da cabina do seu barco, cheia de floreiras e material para navegar. O barco tinha um estilo tradicional e era confortável. Tinha sido a solução perfeita para continuar a viver e trabalhar numa zona tão cara. Nunca em vinte e seis anos de vida se tinha sentido tão insegura.

– Vem aí um carro amarelo – anunciou Steve e todos se levantaram rapidamente.

A cor era tão intensa que se via ao longe. Catherine pensou que, quando o novo dono chegasse à ilha, já estaria em casa.

Manteve-se de pé, com as pernas a tremer, e a sua expressão permanecia impassível. Talvez o novo dono a deixasse ficar. Edith tinha-lhe dado autorização para utilizar um pequeno terreno para fazer uma horta e não ficava aborrecida por as galinhas de Catherine se passearem livremente pela ilha. Talvez a nova dona também achasse graça.

– Obrigada por me manterem informada – disse aos seus amigos. Estava decidida a enfrentar aquela nova situação. – Mais vale apresentar-me e averiguar o que vai ser da minha vida. Não faz sentido ficar de braços cruzados à espera que aconteça qualquer coisa.

– Queres que vamos contigo para fazer pressão? – perguntou-lhe Steve, com uma expressão matreira.

Ela sorriu, agradecida. Todos a tinham ajudado no início, quando não sabia manejar aquelas pequenas embarcações. Os miúdos não tinham muito dinheiro, mas tinham um bom coração e fariam quase tudo por ela.

Catherine agarrou suavemente no braço de Steve e pensou que tinha que lhe tricotar outra camisola, antes que chegasse o Inverno. Se ela ficasse ali…

– Já vos digo como é – respondeu ela. – Para começar, vou tentar chamá-la à razão, o problema é se carece dela.

– E se te pedir que te vás embora? – perguntou Steve.

A ideia preocupou-a, pois isso significaria o fim da sua vida idílica e teria de mudar-se para um horrível apartamento numa cidade enorme. Era uma ideia horrível. Além disso demoraria anos para voltar a construir o que já tinha.

– Não terei outra opção, a não ser ir-me embora – respondeu ela.

– Boa sorte – desejaram-lhe, enquanto subia para o barco.

– Obrigada – respondeu.

Catherine conduziu o barco para a ilha e pensou que, mais do que sorte e tendo em conta o que se dizia da nova dona, o que ela precisava era de um milagre.

Capítulo 2

 

Zachariah Talent não viu os jacintos silvestres, que cresciam com abundância no bosque. Na verdade, nem se tinha dado conta de que havia um bosque. Era um homem da cidade dos pés à cabeça. O seu cabelo negro estava cuidadosamente penteado, os seus sapatos brilhavam e permanecia impassível perante os encantos do campo.

– É um lugar lindíssimo, o único problema são as pessoas, são todas umas estúpidas. Olha para aquele idiota – a assistente de Zach apontou para um nativo que caminhava por um percurso pedestre.

– Sim – disse Zach sem prestar atenção. Nem sequer tirou os olhos do computador portátil que tinha sobre as pernas, nem parou de ler as contas a alguém que ouvia do outro lado do telemóvel.

– Estamos quase a chegar, Zach – disse Jane. – Não é emocionante?

Zach tirou o auricular e olhou-a fixamente. Ela sorria-lhe com tanta ternura e ele, habituado a não misturar negócios com prazer, olhou-a friamente e com um ar muito sério.

Estaria a pensar naquilo outra vez? Perguntou-se porque raio as mulheres com quem trabalhava achavam sempre que estavam apaixonadas por ele. Zach sabia que não as encorajava, pois comportava-se sempre de forma muito distante.

– É apenas uma casa feita de azulejos e cimento. Um investimento – respondeu.

– É muito mais do que isso! – contestou ela, provocando em Zach uma preocupação ainda maior – É uma casa com história, uma casa perfeita para uma família – calou-se por uns instantes e ficou a olhar para ele. Ao ver que ele não dizia nada, apressou-se a continuar: – Necessita de ser arranjada, mas tem grandes potencialidades. É uma casa espaçosa, ideal para as tuas antiguidades, e os terrenos circundantes estão rodeados pelo rio Saxe…

– Já me disseste isso – interrompeu-a.

Zach pensou que tinha de procurar outra assistente, enquanto atendia as incessantes chamadas do seu telemóvel. Conseguiu fechar dois contratos com uns investidores de Hong Kong.

– Sabes por que é que a senhora Tresanton te deixou a casa? – perguntou Jane quando Zach desligou o telemóvel.

– Porque não tinha familiares, nem ninguém próximo – respondeu secamente, como sempre.

No entanto, Zach ficara surpreendido com aquele gesto e não entendia por que motivo Edith o tinha escolhido a ele. Ela sabia que o campo não lhe agradava.

Zach ficou a olhar pela janela para evitar os olhares de Jane. Tudo ali era verde e isso enervava-o.

O carro seguia por um caminho cheio de palmeiras, paralelo ao rio Saxe. O rio era azul como o céu e Zach recordou como Edith lhe falava dele e da sua incrível beleza. Recordou também as inúmeras vezes que o havia convidado a visitá-la embora ele nunca tivesse tido tempo para o fazer.

Edith tinha sido uma excelente cliente e quase como uma mãe para ele. A boca de Zach cerrou-se, ao recordar a morte da sua mãe há dezassete anos e a do pai apenas uns meses depois. Nesse momento sentiu-se extremamente sozinho. Apesar de ter dezoito anos, Zach não tinha tido oportunidade de conhecer bem os seus pais, já que ambos trabalhavam muito para lhe dar o melhor. Desde os cinco anos que havia aprendido a cuidar de si, sozinho. A morte dos pais fê-lo perceber o quão estava só no mundo.

Talvez tivesse sido isso o que o tinha levado a dedicar-se a Edith com tanto carinho. Geralmente, mantinha uma relação distante com os seus clientes e limitava-se a ocupar-se das finanças deles. Mas a relação com Edith tinha sido diferente, porque, apesar de ela criticar o seu modo de vida frenético e a sua obsessão pelo trabalho, também o divertia com a sua excentricidade quando ia a Londres visitá-lo. E o riso escasseava na atribulada vida de Zach.

– Espero que gostes da casa – disse Jane um pouco nervosa, enquanto estacionava o Aston amarelo junto ao rio. – Preferia que me tivesses dado a tua aprovação antes de eu preparar tudo para a mudança.

– Não tive tempo, com todas as reuniões nos Estados Unidos. Estou convencido de que trataste de tudo na perfeição – disse, ao sair do carro, olhando em volta à procura da casa.

Ficou surpreendido por não encontrar nada; via somente um pequeno riacho, com patinhos pretos a nadar, umas quantas árvores e arbustos numa ilha próxima e pequenos prados. O único som que se ouvia era o canto dos pássaros. A falta de ruído e de trânsito perturbaram-no.

– Onde é? – perguntou, sentindo-se um peixe fora de água, com o seu elegante traje citadino, rodeado pela natureza.

Jane também não pertencia ali, com os seus sapatos de salto alto, a blusa justa e o casaco sedoso e decotado. Zach pensou que ela não costumava usar decotes. Avizinhavam-se problemas.

– A casa é do outro lado da ponte – Jane apontou para a ponte que unia o prado, onde estacionaram o carro, e a ilha.

Zach ficou estupefacto.

– Do outro lado? – conseguiu dizer ao fim de alguns instantes. – Não acredito, a casa é numa ilha? – perguntou, incrédulo.

Jane olhou-o assustada.

– Zach! Deves ter lido as escrituras, de Tresanton Manor e da ilha de Tresanton…

– Não! – respondeu. Como poderia ela ter pensado que aquilo era um local idílico? – É para isso que te pago, para que me contes tudo, resumidamente. Achas que o facto de ser uma ilha não é importante? Não há uma estrada até lá?

– Não, não há nenhuma estrada – disse ela, cabisbaixa. – Temos de caminhar até lá…

– O quê? Não posso acreditar! – respondeu. – Queres que deixe o meu Macerai e me sujeite a que passe alguém e o estrague?

– Não me parece que aqui… – tentou justificar Jane.

– Todos os sítios são perigosos! – disse Zach, já desencantado com a casa de Edith. Estava a imaginar o que era passar um dia de chuva naquele lugar, onde nem sequer podia estacionar o carro à porta de casa. Tinha prometido ao seu filho Sam uma casa com jardim. O que podia fazer? – Não posso ficar aqui, tenho de procurar outra casa.

– Mas não podes fazê-lo, lembras-te? – disse Jane. Zach suspirou, enquanto recordava a curiosa petição que Edith havia feito em testamento.

 

Deixo a Zachariah Talent a minha casa e respectivo recheio para que viva lá durante um ano; se não o fizer, a casa deverá ser dada à primeira pessoa que ele encontrar na ilha quando sair.

 

Era incrível. O leiteiro podia tornar-se dono de uma propriedade que valia milhões de libras! Claro que Zach duvidava que o leiteiro viesse a uma zona tão distante e inóspita.

– De acordo, virei só aos fins-de-semana e dormirei numa tenda de campismo – disse, bastante mal-humorado.

Não podia decepcionar Sam, mas aquilo não era nada do que esperava. Zach queria estar perto de restaurantes de fast food, de cinemas, do Jardim Zoológico. Como poderia entreter um menino de oito anos sem isso tudo?

– Jane! – exclamou de repente. – Que diabo fazem estes barcos velhos aqui? – quis saber, cada vez mais mal-humorado.

– São os barcos do canal; chamam-nos «barquetas». Creio que têm permissão para atracar ali.

A expressão de Zach endureceu. Aqueles barcos eram um perigo acrescido. Olhou em seu redor e percebeu que Jane não lhe tinha contado que a casa era no meio do nada. Sentiu uma dor de cabeça aguda. Aquilo era um desastre. Não devia ter deixado aquele assunto nas mãos de outra pessoa! Criticou-se a si mesmo por ter deixado Jane tratar de tudo, mas era suficientemente pragmático para saber que já não havia nada a fazer. Zach decidiu que poria o seu orgulho de lado e iria àquela casa aos fins-de-semana, mas não iria ficar descansado enquanto não construíssem estradas seguras e muros para evitar que o seu filho caísse ao rio. Nem sequer punha a hipótese de ficar numa ilha onde qualquer pessoa podia chegar de barco a sua casa e roubar-lhe a sua preciosa colecção de arte.

– Vai para o escritório e pede que enviem o carro o mais rapidamente possível – disse a Jane. – Eu ocupar-me-ei pessoalmente de remediar este desastre. Cancela todas as reuniões até nova ordem. Depois mando-te um e-mail a informar-te das obras que é preciso fazer antes da venda da propriedade. E procura uma casa mais adequada onde possa viver e guardar as minhas valiosas antiguidades. Numa cidade. Perto de restaurantes, de um ginásio e de teatros também. Fui claro? As chaves! – Zach estendeu a mão, consciente de que estava a ser muito brusco. – Por favor – murmurou, enquanto Jane procurava as chaves, muito nervosa.

Era uma boa assistente, mas, desde que tinha ido a Tresanton Manor, o seu olhar tinha mudado. Queria atrapalhá-lo e construir um lar com ele, mas Zach sabia que jamais voltaria a escolher móveis com alguém. Zach controlou a vontade que tinha de gritar com Jane, pegou no computador portátil, despediu-se de Jane e dirigiu-se para a ponte, enquanto se perguntava se algum dia conseguiria recuperar o carinho do seu filho.

Tinha pensado que viver naquela casa o ajudaria a alcançar esse objectivo e, naquele momento, apercebeu-se de como era importante para ele recuperar o amor do seu filho. Zach tinha falado muito com Edith sobre a indiferença que o filho lhe demonstrava, mas nunca tinha reconhecido o quanto isso o magoava.

Zach tinha muita pena que o filho o tratasse de forma tão distante, mas havia prometido a si mesmo que, um dia, o rapaz o abraçaria. Podia prescindir das mulheres, já que as que tinha conhecido só se interessavam por dinheiro. Além disso, nenhuma das mulheres que conhecera tinha aguentado o seu intenso ritmo de trabalho, nem a sua mulher o havia suportado. No entanto, Zach queria garantir ao filho estabilidade económica e isso era impossível se passasse a vida a sair com mulheres e a levá-las às compras. Zach estava muito mal-humorado, tudo era um desastre; o caminho estava cheio de lama e tinha de contornar ramos de macieiras. O asfalto não tinha aqueles inconvenientes.

Não conseguia entender por que razão Edith tinha pensado que estava a ajudá-lo, obrigando-o a viver naquele lugar durante um ano. Como podia ela achar que aquele sítio era o Paraíso? Naquele momento, avistou uma mulher.

Capítulo 3

 

Caminhava à sua frente e atravessava a horta. Zach deteve-se, estupefacto, perante a visão que tinha diante de si.

Ela deve ter notado a sua presença e voltou-se com uma suavidade e graça próprias de uma bailarina. O rosto daquela mulher era tão delicado, tão próprio de um conto de fadas, que Zach se perguntou se não seria fruto da sua imaginação. Parecia a protagonista de um conto medieval.

Zach não era fácil de agradar, pelo que tentou analisar por que é que aquela mulher o tinha impressionado daquela maneira. Talvez fosse pela camisa justa que lhe chegava aos joelhos e lhe cingia a esbelta figura. Ou talvez fosse o cabelo que a fazia parecer uma suíça moderna. Era preto e comprido e estava apanhado com…

Zach ficou estupefacto. Estava preso com algo que parecia um pedaço de hera com flores. Era estranho. Parecia uma hippie. Talvez tivesse chegado numa das barquetas que tinha visto atracadas. Provavelmente, estivera a observá-lo. Instintivamente, Zach tocou na sua cicatriz, na testa. Depois de ter sido vítima de um roubo e dois assaltos, suspeitava de qualquer pessoa estranha. Incluindo as hippies franzinas e com ar inofensivo como aquela.

Em Londres os desconhecidos não se olhavam nos olhos, não era prudente andar com um relógio caro, caminhava-se muito depressa, as pessoas trancavam os carros, mesmo quando iam a conduzir e todos estavam sempre em estado de alerta. Era assim que se sobrevivia na cidade.

– Estás na minha propriedade! – exclamou, autoritário.

A expressão plácida da mulher não se alterou; pelo contrário, permaneceu tranquila, como se estivesse à espera que ele lhe dissesse alguma coisa. Zach estava habituado a que se aproximassem dele, mas, daquela vez, surpreendeu-se por ser ele a aproximar-se de alguém.

A mulher estendeu a mão para cumprimentá-lo.

– Chamo-me Catherine Leigh.

A voz daquela mulher era suave e doce. Sem se aperceber, Zach apertou-lhe a pequena mão e pareceu-lhe que tinha perdido a desconfiança.

– Zach Talent.

Será que se tinha apercebido de como estava nervosa? Catherine apressou-se a soltar a mão para ele não perceber os tremores que começavam a percorrer-lhe o corpo todo.

– Disseste… disseste que esta ilha é tua – começou a dizer, um pouco nervosa e perplexa.

– Parece que sim – respondeu muito sério, como se aquilo lhe desagradasse. A sua expressão intimidatória agravou-se e os olhos chispavam fúria.

Catherine pensou que preferia lidar com a Barbie da cidade do que com aquele leão disfarçado de homem. Nessa altura percebeu tudo: aquela mulher devia ser a esposa dele. O melhor seria esperar e falar com ela.