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Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

© 2002 Sara Wood

© 2015 Harlequin Ibérica, S.A.

Sedução à italiana, n.º 709 - Fevereiro 2015

Título original: The Italian’s Demand

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2003

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

I.S.B.N.: 978-84-687-6454-2

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

www.mtcolor.es

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Epílogo

Volta

Capítulo 1

 

Desligou o telefone e, com uma expressão de perplexidade, olhou para as suas mãos a tremer com uma intensa emoção, enquanto assimilava o que acabava de ouvir.

Ficou com lágrimas nos olhos e, com um gesto impaciente, limpou-as, ao mesmo tempo que se levantava bruscamente.

«Leo!», pensou com incredulidade, enquanto se dirigia para a porta. «O meu filho!».

Começou a chamar com voz quebrada e rouca. Os empregados, alarmados, foram a correr. Então, começou a dar ordens. Pediu um Mercedes em vez de um Maserati, pediu que lhe comprassem passagens de avião, que lhe reservassem um quarto no hotel e que lhe fizessem imediatamente as malas. Vittore desceu as escadas do palazzo, abriu a porta do carro e meteu-se nele como se tivesse alguém a persegui-lo.

Com impaciência, despiu o casaco de caxemira e esperou que fechassem a bagageira para pôr o carro em andamento, ao mesmo tempo que fazia um gesto de agradecimento aos seus empregados.

Por fim, estava a caminho. Primeiro, iria de carro para Nápoles e dali iria para Londres.

Ia buscar o seu filho!

Respirou fundo para se acalmar. Leo, o seu filho, poderia estar vivo. Vivo!

Uma felicidade imensa apoderou-se dele. O que podia fazer para se controlar até chegar a Londres? Como evitaria explodir, gritar, rir ou chorar…?

Bambino mio – murmurou.

Passou a mão pelo cabelo e uma madeixa caiu-lhe para a testa, mas não se importou; a única coisa que lhe importava era que Leo era a pessoa que mais queria no mundo e estava à sua espera em Inglaterra.

Andava há mais de um ano, noite após noite, a sonhar com momento de encontrar Leo. Para poder encher o vazio que sentira durante o dia dedicara-se ao trabalho. A tragédia transformara-o num recluso, numa máquina fria em vez de um homem que adorava a vida e que valorizava a amizade e a família.

A vida deixara de fazer sentido para ele, tinha perdido todo o significado.

Mas agora…! Uma intensa emoção apoderou-se dele e ficou com um nó na garganta. O seu filho tinha agora dezassete meses e talvez, brevemente, voltasse a estar nos seus braços. Seria a concretização do milagre pelo qual rezara na privacidade do seu quarto todas as noites. Depois do telefonema, tinha aberto a porta do quarto do seu filho, que estava fechado há catorze meses, desde que a sua esposa Linda, que era inglesa, fugira com Leo e desaparecera.

Pensou novamente no seu filho ali, enchendo de alegria e felicidade a sua vida. E também pensou, com amargura, no motivo pelo qual Leo iria regressar. A empresa de crédito que lhe telefonara, comunicara-lhe que a sua esposa tinha falecido há dois meses atrás.

E ele, segundo parecia, deveria pagar o empréstimo que a sua esposa fizera para comprar casa em Londres dado que ela colocara o nome dele como avalista. Vittore estremeceu, se ela não tivesse falsificado a sua assinatura, ele teria perdido o seu filho para sempre, ironias do destino.

– Coitada da Linda – murmurou ele, com compaixão.

Não, ele não era um santo para lhe perdoar. Detestara-a por lhe ter roubado o filho. No entanto, agora não podia evitar que a tristeza se apoderasse dele. Linda morrera muito nova, aos trinta anos de idade. Uma tragédia.

De repente, teve um receio. Talvez Leo não estivesse na casa de Linda em Londres, poderia ter-lhe acontecido qualquer coisa depois dela ter falecido, apesar de Linda ter tido dinheiro suficiente para viver bem e ter empregados. Quando fugira, Linda tinha levado as jóias da sua mãe, que valiam uma fortuna, tal como as dela e todo o dinheiro que estava na conta que os dois tinham em comum no banco.

Ela deveria ter contratado uma ama porque não gostava muito de tomar conta do bebé. Com um pouco de sorte, Leo ainda estaria em casa e estaria a ser bem tratado. A não ser que algum amante de Linda ou algum familiar o tivesse levado. E… se o tivessem levado para um orfanato?

A frustração fez com que batesse com as mãos no volante do carro. Mas, desta vez, nada o impediria de recuperar o seu filho. Nem a sua riqueza, nem o seu poder poderiam comparar-se ao amor que sentia por Leo.

 

 

Verity inclinou-se e beijou a testa do bebé que, por fim, adormeceu. O amor e a compaixão fizeram-na esquecer o cansaço que sentia. Sorriu. Era um menino maravilhoso. E que dia lhe dera! Nunca estivera tão cansada… nem tão feliz.

– Que brincalhão que tu és, Leo! – exclamou, num murmúrio.

Com os dedos acariciou a suave boca do menino.

– Boa noite, querido – murmurou, com adoração. Quando saiu do quarto, parou um momento para recuperar as forças. Tinha ficado sem energia. Não podia mexer-se, mesmo que a sua vida dependesse disso.

Mas não se surpreendia, o menino passava todo o dia colado a ela, não a deixava nem um segundo. No entanto, ela compreendia-o perfeitamente, dado que a sua mãe morrera há dois meses atrás. Coitado do Leo, coitada da Linda!

O expressivo rosto de Verity mostrou pesar. Pensou com tristeza nos seus pais adoptivos, John e Sue Fox, que há anos atrás a tinham adoptado a ela e a Linda, tirando-as do orfanato. Suspirou. Nem que tivessem feito de propósito teriam escolhido duas meninas tão diferentes.

A sua vida, à sombra da beleza de Linda, tinha sido dura. Não lhe era nada de estranho o facto de não ter visto a sua irmã adoptiva durante dez anos. O seu único contacto com ela tinham sido as cartas esporádicas e os cartões de Natal.

Apesar disso, a morte de Linda tinha sido uma tragédia e o coitado do Leo estava a sofrer as consequências. Tal como o seu trabalho, a sua vida social e a sua saúde mental, desde que Linda lhe deixara uma mensagem a pedir-lhe que tomasse conta do menino. No entanto, gostava de ter Leo consigo. E sorriu.

Leo teria todo o seu carinho. Verity desceu as escadas até ao terraço da piscina. Ali, levantou a saia do vestido branco de Verão e deitou-se numa espreguiçadeira. Como podia uma criança tão pequena deitar abaixo uma pessoa adulta?

Quando os músculos deixassem de lhe doer, tomaria um banho. Entretanto, contentou-se a observar o pôr-do-sol e recuperar as forças que iria precisar para o dia seguinte.

Apesar dos seus numerosos amigos, a sua vida estivera vazia e sem sentido. No entanto, Leo preenchera-a. Suspirou satisfeita.

Dado que o horrível pai de Leo tinha morrido e a criança não tinha outro parente que pudesse reclamar a sua tutela, Verity iria adoptá-lo. A ideia fê-la tremer de prazer.

– O meu filho – declarou, em voz alta.

Existiriam palavras mais maravilhosas do que aquelas? Existiria alguma coisa melhor do que o doce sorriso do menino que a adorava?

Talvez pudesse compará-lo ao sorriso de um homem bom, com o coração cheio de amor e ternura, no entanto, ela já tinha vinte e nove anos e não encontrara nenhum homem assim. Verity virou a cabeça e olhou para o monitor, ligado à câmara de vídeo que estava no quarto de Leo. Ao vê-lo, voltou a sorrir.

– Até às seis da manhã, querido – murmurou, com ternura.

Brevemente, devido à sua situação económica, não teriam luxos como aquelas ligações de vídeo, nem piscina nem as palmeiras que a rodeavam. Se não conseguisse reanimar o seu negócio de jardinagem e de paisagismo e ganhar um pouco de dinheiro, acabariam por comer margaridas.

– Como é que vou trabalhar se Leo não me larga durante todo o dia? – interrogou-se, numa voz fraca.

A preocupação deu-lhe uma volta ao estômago. Levantou-se e olhou para a piscina, mas não tinha forças nem para flutuar.

A campainha da porta tocou.

Quem podia ser àquela hora?

– Sim, quem é? – inquiriu ela através do intercomunicador, não com muito bom humor.

– Sou Vittore Mantezzini – declarou uma voz, com um ligeiro sotaque estrangeiro.

– Vittore! – exclamou ela, com horror. – Mas estás morto! – Escorregou com o susto e devido aos mosaicos molhados, perdeu o equilíbrio e caiu à água.

As águas fecharam-se sobre ela e viu-se imersa num mundo silencioso, onde as suas fracas tentativas de voltar para à superfície não conseguiram aliviar o seu pânico. Tirou a cabeça para fora da água, pediu socorro e voltou a submergir.

O controlo remoto do intercomunicador, também caiu à água e bateu-lhe na cabeça.

«Leo!», pensou, em pânico. «Não me posso afogar, Leo precisa de mim».

Com renovada energia, bateu com os pés e conseguiu flutuar, imediatamente agarrou-se à berma da piscina.

Ouviu gritos de um homem à distância, segundo parecia eram do marido de Linda.

– Céus, o marido de Linda!

Claro que podia ser um impostor. Mas… e se realmente fosse ele? Deveria saber do falecimento de Linda e aquilo queria dizer que…

Que estava ali para levar Leo!

Não podia permitir que levasse o menino, a pessoa que ela mais amava no mundo. Um menino que precisava dela desesperadamente.

Respirou fundo e saiu da piscina. Leo tinha medo dos desconhecidos. Era uma criança assustadiça e insegura, que sofrera muito e que só agora estava a aprender a brincar.

Não estava preparado para que um desconhecido o levasse. O que é que ela poderia fazer? De que lado estava a lei?

Verity sentiu náuseas. Vittore poderia ser um sem-vergonha, mas era o pai de Leo e a lei estava do lado dele.

– Meu Deus! – exclamou, quase atemorizada.

Seria ela que não teria qualquer direito sobre a criança.

Capítulo 2

 

A soluçar e atemorizada, Verity rezou para que fosse um impostor.

O som da campainha sobressaltou-a.

– Já vou – gritou ela, dirigindo-se para o portão.

Com o vestido molhado e colado ao corpo, avançou aos tropeções pelo jardim com as pernas não muito seguras.

Se fosse Vittore deveria arranjar uma maneira de proteger o seu sobrinho, custasse o que custasse e dissesse o que dissesse a lei.

Fugiria com Leo, desapareceria. Fugiria para uma ilha deserta para não pôr em perigo a saúde mental da criança

Era eu dever proteger o menino, não estava disposta a deixá-lo nas mãos de um mulherengo, que não só ignorara a existência do seu filho, como tinha feito coisas muito piores.

Cerrou os dentes, a infidelidade de Vittore era a causa da morte de Linda e do fim do seu casamento. As consequências tinham sido Leo a sofrê-las, uma criança instável emocionalmente, uma criança que não poderia deixar ir embora com um desconhecido.

Por fim, quando chegou ao portão, viu-o. Alto e impecavelmente vestido, passeando-se como um possesso, aos gritos para que lhe abrissem a porta.

 

 

Vittore retirou o dedo da campainha da porta. De repente, através da grade do portão, viu que se aproximava uma mulher alta e voluptuosa com o cabelo preto encaracolado.

Aquela beleza espampanante parecia estar de mau humor. Vestia um vestido branco, completamente molhado que se colava ao corpo dela. Uma alça do vestido caía-lhe pelo ombro e o decote mostrava o início de uns gloriosos seios.

Surpreendido, respirou fundo. Aquela mulher parecia uma Vénus saída da água.

Durante um instante, o seu corpo controlou-o… até que o seu cérebro lhe lembrou o propósito da visita.

– Abra a porta – ordenou, bruscamente, impondo a sua autoridade imediatamente, porque, pelo que via, ela estava pronta para gritar com ele. Ele tinha ido buscar Leo e não tinha mais nada a dizer. – Sou Vittore Mantezzini e exijo que me abram a porta, imediatamente.

– Então é Vittore Mantezzini, não é? Será melhor que o demonstre!

Vittore cerrou os lábios e franziu o sobrolho. Não estava habituado a ser desafiado. Meteu a mão no bolso do casaco de caxemira e entregou à mulher o bilhete de identidade sem dizer nada.

A rosnar, ela olhou para a fotografia e depois olhou para ele.

O rosto daquela mulher expressou horror e depois pesar.

– Mas o senhor morreu! – protestou ela, fitando-o com perplexidade.

«Toque-me se quiser e verá como estou vivo», esteve quase para dizer Vittore, mas controlou-se a tempo, enquanto uma onda de calor o percorreu.

Não estava habituado àquilo, a sentir-se novamente vivo, a respirar e responder fisicamente à presença de uma bela mulher…

– Foi isso que Linda lhe disse, que tinha morrido? – inquiriu Vittore, zangado consigo mesmo por um bonito rosto ter conseguido distraí-lo. Bonito, não! Belo, único.

Evidentemente desgostosa por ele não estar morto, a mulher anuiu.

– No Verão passado – replicou ela, num murmúrio rouco. – Quando voltou para Inglaterra com Leo.

– Linda mentiu – replicou ele, com brusquidão. – Como pode ver, estou vivo.

Ela fitou-o com dureza, como se quisesse ter a certeza de que não se tratava de uma miragem. Vittore susteve-lhe o olhar e, passado um instante, viu que estremecia. Parecia que se tinha convencido. Viu-a encolher os ombros.

– Se tivesse sabido que não tinha morrido, teria contactado consigo quando… – a voz tremeu-lhe. – Oh, Deus! Talvez não saiba que Linda…

– Morreu, sim, eu sei. Agora quero ver o meu filho. Imediatamente.

– Lamento!

Vittore ficou atónito. Acontecia alguma coisa?

– O que é que disse? – inquiriu, num tom ameaçador.

– Que é impossível.

O extraordinário olhar cor de violeta daquela mulher desafiou-o. Depois, ela atirou o cabelo para trás e umas gotas de água caíram dos cabelos. Intrigado, Vittore viu umas diminutas flores brancas presas nos caracóis pretos dela. Margaridas. Muito boémio.

Ela pôs as mãos nas ancas, atraindo a atenção de Vittore.

«Incomparáveis», pensou Vittore, com surpresa. Noutras circunstâncias teria sido o corpo dos seus sonhos, no entanto, naquele momento tinha coisas mais importantes para tratar.

– Posso saber porquê? – inquiriu ele, com os olhos a faiscarem.

Ela fitou-o com hostilidade, como se fosse a encarnação do demónio.

– Porque não pode! Porque não o permitirei!

Vittore ficou imóvel e receou que aquela mulher dissesse que o seu filho também tinha morrido.

– Porque é que não?

– Porque está a dormir – declarou ela, em desafio e disposta a lutar.

Mas aquelas palavras foram maravilhosas para Vittore. Era a melhor notícia que lhe poderiam dar. Fechou os olhos e o seu coração começou a bater com força. Leo estava ali!

Durante uns momentos, a emoção impediu-o de falar, no entanto, sabia que tinha que convencer aquela mulher, mal-humorada, a abrir-lhe a porta.

– Tanto faz se está a dormir ou acordado – replicou Vittore, com a voz quebrada, e transbordando alegria. – Quero vê-lo. É o meu filho! Não me pode impedir, por isso, é melhor que abra imediatamente a porta.

Ela mordeu os lábios com pequenos dentes brancos. O seu rosto mostrava uma dor profunda, o seu corpo inteiro tremia.

– Não, tenho que me secar – murmurou ela, com o olhar trágico. – Estou completamente encharcada e…

– Já tinha reparado – não estava cego, as suas respostas sexuais tinham sido uma boa prova disso. – Aconteceu qualquer coisa? Ouvi um grito…

– Fui eu. Assustei-me quando me disse o seu nome porque pensava que tinha morrido. E, com o susto, caí na piscina – explicou ela. – Nadar vestida quando se está esgotada, como eu estou, não é fácil.

Fez-se um silêncio tenso, enquanto ele olhava para o vestido dela que parecia ter-se transformado numa segunda pele. Cada curva parecia estar tentadoramente ao seu alcance.

Vittore levou uma mão à testa. Tinha a cabeça a andar à roda por causa do cansaço e do nervosismo e do… desejo sexual. Fez o que pôde para recuperar o controlo.

– Está a dizer que a culpa é minha por estar molhada? – inquiriu ele, num tom trocista.

Ela lançou-lhe um olhar penetrante, das suas pestanas grossas caíram gotas de água. Vittore não conseguiu evitar que um intenso calor percorresse as suas veias. Maldição! Aquela mulher estava a afectá-lo de uma maneira incontrolável.

– Claro que sim! – replicou ela. – Por isso, terá de esperar aqui até que eu me seque e mude de roupa…

– Meu Deus! Isto é ridículo! Deixe-me entrar já!

– Não! Vai ficar à espera aqui.

– Não pense nisso! – exclamou Vittore. – Não me vai deixar aqui como um leão enjaulado enquanto…

– É preciso! – gritou ela, agitada. – Não vou correr o risco que procure Leo e fuja com ele, enquanto eu mudo de roupa.

Vittore pestanejou com horror ao ouvir semelhante ideia.

– Fugir com ele? Porque é que iria fugir com o que é meu? – inquiriu Vittore, escandalizado.

– Seu? Deus do céu, ajuda-me! – murmurou ela. – Por onde começo? A única coisa que estou a fazer é proteger Leo…

– Do seu próprio pai? – inquiriu Vittore, com incredulidade.

– Sim! – ela levou uma mão à testa. – Oiça, tem que esperar aqui. Prometo que não me posso arriscar a… Tenho que lhe explicar uma coisa…

– O quê? Porquê? – inquiriu ele, furioso. – E que direito tem de recusar que eu veja o meu filho? Quem diabo é você?

– Sou Verity – replicou ela, numa voz fraca. – Verity Fox. Fui adoptada pelo casal Fox, tal como Linda. Sou a pessoa que toma conta de Leo. Espere aqui, não vou demorar. Depois daquelas palavras, ela virou-se e desapareceu na escuridão da noite.

– Volte aqui! – gritou, irritado. – Verity, volte já aqui!

Mas ela não lhe ligou. Teria sido muito mais fácil enfrentar uma ama do que aquela mulher com aquele corpo de sonho e muito teimosa.

Sentindo-se como se tivesse sobrevivido a um furacão, levou uma mão à testa.

«Paciência», disse para si mesmo. Cinco minutos, dez, uma hora… que importância tinha a longo prazo? Leo estava naquela casa. Brevemente estaria nos seus braços e nunca mais permitiria que lho tirassem. Breve, brevemente. Mas a lógica e o bom senso não podiam concorrer com os meses de angústia. Estava há muito tempo sem o seu filho e queria vê-lo.

– Por amor de Deus! – exclamou, frustrado.

Quando tempo demorava aquela mulher para se despir, tomar um duche, escolher a roupa e vestir-se? Normalmente, as mulheres demoravam horas. De repente, incapaz de permanecer quieto, começou a passear na rua de um lado para outro. Surpreendentemente, parou de pensar em Leo e imaginou aquela mulher no seu quarto a despir o vestido…

playboy

Mas teria o seu sobrinho o que era mais importante? Teria amor? Verity sentiu um frio que lhe penetrou nos ossos ao imaginar a vida da criança num lar sem carinho.

E quem é que daria a Leo o amor de uma mãe? Seria criado por amas e veria o seu pai só à hora do chá? Não, isso não seria suficiente…

Mas, o que é que ela poderia fazer?

Tinha chegado o momento de se meter sob o duche e de tentar arranjar a coragem suficiente para dizer a Vittore que não poderia levar Leo naquele momento